quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O foguete

Era uma gincana da escola onde Miguel estuda. Os alunos, junto com os pais, deveriam fazer um brinquedo com coisas velhas de casa. A peça tinha que ter rodas, já que o tema da tarefa era a influência do objeto, desde a pré-história.
Porém, como todas as missões aqui em casa são nível hard, Miguel decidiu, com toda a autoridade que seus seis anos lhe permitem: vamos fazer um foguete. "Tudo bem", pensei. Afinal, não deve ser tão complicado assim. No meu tempo de criança, a criatividade lá em casa era tanta que eu e meu irmão produzimos o maior portento das telecomunicações deste país: a antena MongoSat.  
O problema é que o trabalho do Miguel valia uma premiação, e nós ESQUECEMOS de fazer no prazo, que vencia hoje. Quando nos demos conta, já era tarde. Não se pode fazer uma promessa a uma criança de seis anos se não houver absoluta certeza de que será cumprida. Bom, tínhamos que fazer alguma coisa. Depois de muita discussão, vem do Pedro a ideia salvadora: por que não pegar uma garrafa PET? Mas é claro! Vai ficar muito bonito!

Mais uma vez, a simplicidade infantil dando de 7 a 1 no pensamento limitado dos marmanjos. As coisas clarearam. Pega um papelão daqui, umas tampinhas de garrafa dali, papel para forrar, palpites mil... Voilà! Tínhamos um protótipo.
Mas a tarefa não estava totalmente cumprida. Miguel precisava dar os toques finais. Quando cheguei do trabalho, fomos terminar a aeronave mais psicodélica que se tem notícia. O resultado está aí. O mais legal, no entanto, foi ter envolvido toda a família em um trabalho de reaproveitamento e de muita troca de ideias. A gente acaba aprendendo mais que eles.

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